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Parte 1

Se qualquer um dissesse a Sofi que ela terminaria o dia fugindo de um samurai, ela riria e faria piada. Ao acordar, atrasada e sonolenta, tropeçando no gato e bicando sem querer o rodapé, Sofi jamais poderia imaginar o dia louco que teria.
Entrou no ônibus observando os passageiros, tentando prever quem desceria antes. Era um
talento que ela desenvolvera: observar, se posicionar e, na maior parte das vezes, conseguir um lugar para se sentar e dormir até chegar ao estágio. Era simples, no caminho percorrido pelo ônibus havia duas faculdades e uma escola. Se a pessoa estivesse lendo algumas cópias, tinha grandes chances de estar indo para uma das universidades. Já cadernos fofinhos e mochilas superpesadas indicavam que o destino era a escola. Pessoas muito bem vestidas desceriam junto com ela no centro da cidade e não renderiam um lugar para ela tirar seu cochilinho matinal.
Hoje Sofi viajou de pé, chacoalhando até o centro da cidade. E o dia realmente dava sinais de que seria estranho porque, apesar de estar muito atrasada, foi recebida com um sorriso largo vindo de sua supervisora.
– Minamoto, tem uma pessoa esperando por você! – Disse Laura, a supervisora, com um
sorriso tão falso quanto era possível.
– Por favor, me chame de Sofi. Não me sinto confortável sendo chamada pelo meu
sobrenome. – Sorriu ainda mais falsamente que sua interlocutora, seguindo para seu
cercadinho.
– Você sabe que eu não posso. É cultura da empresa utilizar os sobrenomes. – Respondeu
dando as costas.
No dia em que Sofi começou o estágio, houve uma reunião na qual Laura e ela foram
apresentadas. Foi antipatia mútua ao primeiro olhar. Sofi nem era de antipatias gratuitas,
porém, Laura era esforçada e conseguia irritar até um monge tibetano.
Minamoto não significava absolutamente nada na vida de Sofi até aquela manhã. Na verdade,
fazia tempo que ela pensava em trocar de nome, excluindo o sobrenome de seus pais
biológicos e adotando o famigerado “Silva’ de seus pais adotivos. Não era fácil encarar os
olhares indagadores, constatando que uma menina com traços orientais não poderia de forma alguma ser filha biológica de um casal afro-brasileiro. Sofi alimentava a fantasia de que ter o mesmo sobrenome ajudaria a cegar um pouco as pessoas.
Diante da figura de olhos puxados, Sofi cutucava a cutícula, um dos seus tiques nervosos mais comuns.
– Você deveria se orgulhar de ser Minamoto! – Disse a japonesa de cabelos tingidos de loiro
que esperava por Sofi.

Parte 2

A baia de Sofi era como todas as outras do escritório de arquitetura, uma sala minúscula com uma janela do chão ao teto, uma mesa posicionada à frente da janela e uma cadeira com
rodízios. Sobre a mesa havia um porta-lápis, um notebook e algumas folhas espalhadas. Sofi não primava pela organização.
– Você vem comigo! – Comunicou Yumi, enquanto manuseava um abridor de cartas que Sofi nem sabia que tinha em sua mesa.
Embora Sofi não soubesse ainda, yumi sabia ser bem convincente quando queria.
– Desculpa, você é quem mesmo? – Perguntou Sofi, intrigada com a visitante, enquanto colocava sua bolsa sobre a mesa de trabalho.
– Não temos tempo para apresentações. Você tem algo muito valioso e os Heishis te
encontraram. – Disse Yumi, entre dentes.
O diálogo ia continuar quando a vidraça atrás da mesa se estilhaçou. Yumi jogou-se sobre Sofi e impediu que os pedaços de vidro a atingissem.
Tudo foi tão rápido e confuso que, ao se virar, tentando entender o que havia atingido o vidro da janela, Sofi deparou-se com a coisa mais assustadora de toda a sua vida: uma figura usando uma armadura, um capacete com uma espécie de chifres, uma máscara aterrorizante que lembrava algo entre um demônio e um dragão, com uma lança nas mãos.
Yumi entrou em combate corporal com a estranha figura e, aparentemente, Sofi nunca tinha
visto o “abridor de cartas” porque não era um abridor de cartas.
Entre o primeiro e o último golpe desferido por Yumi não havia passado nem 1 minuto. Sofi
estava atrás da porta, em choque. A figura de armadura havia desaparecido pela janela
quebrada e deixado para trás um rastro de sangue.

Parte 3

Os olhos de Sofi lacrimejavam, não pela tentativa de assassinato que havia sofrido há pouco, mas pelo vento batendo forte em seu rosto. Na garupa da moto de uma japonesa desconhecida, cortando os carros em alta velocidade, a jovem refletia sobre as coisas que havia ouvido de Yumi antes de aceitar aquela fuga.

Ela sempre soube que era adotada, no entanto, fazer parte de uma linhagem de mulheres samurais não era algo que pudesse passar pela cabeça de Sofi.

Na verdade, se um samurai não a tivesse atacado àquela manhã, Sofi teria chamado Yumi de maluca e dado de ombros. A história toda era tão louca que nem o seu lugar de nascimento era o que ela pensava, “Como assim eu nasci em Quioto e não em Curitiba?”, pensou.

– Suas ancestrais eram onna-bugeisha, samurais mulheres muito respeitadas no Japão feudal. O clã Minamoto venceu a batalha contra os Heishis e, ao contrário do costume samurai, os sobreviventes não realizaram o seppuku. O que, aliás, fala muito sobre os Heishis, o seppuku é sinal de honra e coragem. – Despejou Yumi, enquanto as duas andavam pelos corredores do prédio comercial no centro de Curitiba.

– Eu não estou entendendo nada dessa história. Onna quem? Seppuku? Soletra que eu vou procurar na internet. Você não sabe contar história. – Disse Sofi, sacando o celular e abrindo uma página de busca na internet.

– Veja se aí na internet tem o seu nome verdadeiro. Não, melhor, vê se diz o que aquele Samurai que te atacou hoje de manhã quer com você. – Debochou Yumi, ao avistar sua moto no estacionamento.

– Achei aqui, Seppuku...meu deus, as pessoas se matavam enfiando uma espada na barriga? Espera aí, você falou de nome verdadeiro? – Perguntou, espantada.

– É, seu nome é Takeko, homenagem a Nakano Takeko, uma grande Onna-bugeisha. – Contou, ao montar na moto e sinalizar para que Sofi fizesse o mesmo.

Sofi percebeu naquele momento que nada do que sabia sobre si era real. "Quem afinal era ela? Quem era Takeko?", pensou, ao segurar firme a cintura de Yumi e sentir a moto arrancando em alta velocidade.

Parte 4

Sofi continuava com suas perguntas infindas e conjecturas não menos absurdas do que a realidade. Tudo era dúvida, nada era certeza, “Meus pais adotivos sabiam disso tudo?”, “Que tipo de nome é Takeko?”, “Como vim parar no Brasil?”.

Yumi estava com um olhar preocupado e não parecia ouvir o que Sofi dizia. As duas estavam na recepção de um hotel, velho e cheirando a mofo, esperando as chaves do quarto, enquanto Sofi revirava suas memórias de infância tentando encontrar algo que fizesse sentido com aquela história toda.

– Uma coisa você não me explicou ainda: o que os Heishis querem comigo? Você disse que eu tinha algo que eles queriam, mas eu não sei, não tenho nada. – Justificou Sofi, andando rápido e tentando alcançar Yumi.

Yumi apenas sorriu e abriu a porta pantográfica do velho elevador, indicando que Sofi entrasse primeiro. Sofi não parava de fazer perguntas e Yumi continuava ignorando.

Ao chegarem ao quarto, Yumi retirou um papel do bolso de traz de sua calça de couro preta e entregou a Sofi.

– Suas perguntas estão respondidas aí! – Respondeu, entrando no banheiro e fechando a porta atrás de si.

Sofi abriu o papel amarelado pelo tempo com cuidado e sua expressão se converteu em uma enorme interrogação.

­– Isso aqui tá em japonês, Yumi!!! – Gritou Sofi, sem receber qualquer resposta de volta.

Parte 5

– Yumi, isso é alguma brincadeira? Eu não leio japonês! – Gritou em direção a porta do banheiro.

Nenhuma resposta. Sofi ouviu o chuveiro sendo ligado e bufou impaciente.

Pegou o celular em sua bolsa, jogou-se na cama ainda calçada e ligou para sua mãe, mas a ligação caiu na caixa postal. O mesmo aconteceu quando tentou ligar para o celular de seu pai.

Sofi levantou da cama enfurecida e quando ia esmurrar a porta do banheiro, ela se abriu.

– Você quer a versão resumida do que está escrito na carta ou quer que eu leia para você? – Perguntou Yumi, ao sair do banheiro secando os longos fios loiros.

– Isso pode esperar. Tem uma coisa me preocupando muito mais nesse momento. Qual a chance de alguém ter ido atrás dos meus pais e eu encontrar os dois numa enorme poça de sangue jogados no chão da sala? – Perguntou Sofi, sem conseguir esconder sua aflição.

– Seus pais não têm a menor relevância nessa história, mas não se preocupe, eu já os coloquei em segurança. Então, versão resumida ou a íntegra da carta? – Perguntou Yumi, referindo-se ao papel amarelado que havia entregue a Sofi minutos antes.

Sofi respirou aliviada e voltou a deitar na cama.

– Lê a carta pra mim, por favor. Tenho medo de que você pule algum detalhe importante da história, como ter tirado os meus pais de casa, por exemplo. – Resmungou, esticando a mão com o papel dobrado entre os dedos.

Yumi ignorou o gesto, caminhou até a janela, olhou a movimentação da rua e voltou para o banheiro. Sofi já estava impaciente e soltou um grunhido agudo de reprovação e fúria.

– Precisamos sair daqui, fomos encontradas! – Yumi puxou Sofi pelo braço, enquanto dizia palavras incompreensíveis em japonês.

Parte 6

As duas seguiram pelo longo corredor do hotel e subiram até o terraço utilizando as escadas. Atravessaram uma porta de ferro e alcançaram o telhado.

– Os edifícios são quase colados. Há uma pequena diferença na altura, mas você deve conseguir. – Explicou Yumi enquanto se esgueirava entre as caixas d’água.

Sofi estava em transe. As palavras de Yumi ecoavam em seu cérebro e demoravam a fazer algum sentido. Seu braço começava a incomodar, vermelho dos apertões e puxões dados por Yumi durante todo o dia. De repente ela parou e seu cérebro pareceu fazer um clique.

– Você não acha que eu vou pular do prédio, né? – Protestou. – Inclusive, eu não vou dar mais nenhum passo enquanto você não me explicar exatamente o que está acontecendo aqui.

– Estamos um pouco sem tempo. Eu contei 5 ninjas armados com espadas entrando no prédio. No entanto, não duvido que houvesse outros. – Argumentou Yumi.

Sofi chegou perto do parapeito e sentiu tudo rodar.

Yumi saltou primeiro. A distância era de pouco menos de 2 metros, mas o prédio que ela precisava alcançar era pelo menos 1 andar mais baixo. Ela aterrissou com os dois pés, dobrando os dois joelhos ao tocar o chão e tendo seu corpo projetado para a frente com um pouco de desequilíbrio.

Sofi hesitou por alguns instantes e sentiu uma onda de adrenalina subindo pelo seu corpo. Ela tomou distância, correu e desistiu ao alcançar o parapeito. Um estrondo de porta se fechando chamou sua atenção. Ela virou-se em direção ao barulho e pode ver uma figura vestida de preto dos pés à cabeça alcançando o telhado, esgueirando-se entre as caixas d’água e se aproximando dela. Ela recuou, ficando perigosamente perto do vazio. Yumi assistia a cena completamente impotente.

A espada brilhava e parecia vir em sua direção em câmera lenta, mas o golpe foi rápido. A última coisa que Sofi viu foi o olhar vazio de seu algoz.

Ela girou o corpo em desespero e, ao ver que o ninja estava mais próximo do parapeito do que ela, não pensou e o empurrou. Desequilibrado pelo peso da espada e pelo movimento inesperado de sua vítima, despencou no vazio, atingindo um canteiro árido.

Parte 7

Sentadas sob as estrelas na Praça do Japão, Sofi e Yumi finalmente podiam conversar sem preocupações, sem o risco de um novo ataque, sem a necessidade de fugir.

– A história dos Heishi e dos Minamoto atravessa os séculos. O que você precisa saber é que na época do Japão Feudal a sua família venceu todas as batalhas contra os Heishi e o último deles fugiu, renunciando à tradição do Seppuku. Esse Samurai Heishi jurou vingar seu clã e seus descendentes vêm tentando extinguir a família Minamoto. – Contou Yumi.

– E eu sou a última? Não tem mais ninguém? Morreram todos? – Quis saber Sofi.

– Uhum! Quando sua avó nasceu foi enviada para uma província no interior do Japão. Lá ela viveu por muitos anos, em paz e sem qualquer ameaça, porque os Heishi acreditavam que sua bisavó havia falecido sem deixar herdeiros. Quando sua mãe era adolescente, seus avós foram assassinados por um Heishi. Sua mãe cresceu sob os cuidados do conselho, ficando viúva no primeiro ano de casada, quando seu pai foi encontrado morto em circunstâncias não esclarecidas. – Yumi parou por um instante, levantou-se, caminhou até a cerejeira florida, abaixou e pegou uma florzinha caída no solo.

Sofi percebeu pela primeira vez um pesar nas palavras de Yumi. Poderia jurar que a loira tinha levantado para evitar que fosse vista chorando.

– Você conheceu os meus pais? – Sofi perguntou com um certo estranhamento na voz.

Yumi virou-se e agora Sofi não tinha mais dúvidas, lágrimas escorriam sem parar pelo rosto de sua protetora.

– Conheci. – falou entre soluços. – Sua mãe era adorável e seu pai, bem, seu pai também era meu pai. – Concluiu Yumi.

Parte 8

– Você é minha irmã? É Minamoto também? Você disse que estavam todos mortos! – Espantou-se Sofi.

– Meia-irmã. História longa. – Finalizou Yumi, secando as próprias lágrimas.

– Estou com tempo! – Disse Sofi, apoiando a cabeça em uma das mãos.

Yumi respirou fundo, agora um pouco impaciente.

– Sua mãe foi criada pelo conselho. Minha família era o conselho. Quer dizer, mais ou menos isso. Nossa avó era a mais velha e praticamente decidia tudo. A linhagem do nosso pai servia à linhagem da sua mãe. Quando ela ficou órfã, foi morar na casa da nossa avó. Nossos pais se apaixonaram e lutaram contra o que sentiam durante muito tempo. Sabiam que o conselho seria contra a união deles e de fato foi. Em uma tentativa de esquecer sua mãe, nosso pai mudou-se para Tóquio, casou e eu nasci. Infelizmente, minha mãe morreu no parto, junto com o segundo bebê deles. História triste, eu sei. – Lamentou Yumi.

– Sinto muito. Desculpa fazer você reviver essas coisas. – Disse, tentando se aproximar e tocar a mão de sua meia-irmã.

– Não precisa lamentar, não tenho lembranças da minha mãe. A sua mãe é que me criou. – explicou Yumi, continuando a contar a história. – Com uma criança pequena, nosso pai se viu obrigado a voltar para a casa da nossa avó. Sua mãe assumiu a minha criação sem que ninguém pedisse isso a ela. Depois de um tempo eles decidiram ficar finalmente juntos e o conselho não conseguiu impedir. – Concluiu.

Fascinada com tantas reviravoltas, Sofi escutava cada palavra como se a história fosse de outra pessoa.

–É uma linda história de amor! – Empolgou-se.

– Pena que também é trágica! – Respondeu Yumi.

Parte 9

 

– Todos estavam muito felizes com a gravidez da sua mãe. Então, houve o acidente. A verdade é que, antes de despencar no desfiladeiro, nosso pai já estava morto. Alguns ferimentos encontrados no corpo não batiam com as características do acidente. – Contou Yumi.

– Você acha que um Heishi o matou? Mesmo ele não sendo um Minamoto? – Perguntou Sofi com lágrimas nos olhos. – Ninguém tem dúvidas sobre isso, esse é o modus operandi dos Heishi. Se eu não estivesse lá hoje cedo, certamente o Heishi simularia uma explosão no prédio ou algo parecido para encobrir o assassinato, sem se preocupar que outras pessoas morressem no processo. – Lamentou.

Sofi calou-se por alguns instantes. Tanta informação para processar e seus pensamentos foram longe. O que teria acontecido se Yumi não tivesse aparecido, ou se o ataque tivesse sido em sua casa, ao lado de seus pais adotivos? Uma lágrima pesou e enfim escorreu.

– Sua mãe passou a gravidez se escondendo em várias cidades, até que você nasceu, em Quioto. Não havia mais lugar seguro no Japão para proteger vocês e, por isso, o conselho decidiu que após o seu nascimento vocês seriam enviadas para o Brasil. – Yumi ia continuar quando foi interrompida por Sofi.

– O que aconteceu com você? – Questionou com a voz embargada.

– Eu vim junto! O conselho possui um braço em São Paulo que nos auxiliaria discretamente, já que há uma grande comunidade japonesa na cidade. Infelizmente, sua mãe estava muito fraca. Foi uma gravidez intranquila e um parto complicado. Ao chegarmos em São Paulo, ela foi internada com pneumonia e não resistiu. O conselho achou conveniente que você fosse colocada para adoção, já que eles estavam sob constante vigilância. Foi aí que eu voltei para o Japão para ser preparada para proteger você, se um dia fosse necessário. O conselho continuou monitorando tudo o que acontecia com a herdeira dos Minamoto. Até o fato de você ter vindo morar em Curitiba foi obra deles. – Concluiu Yumi.

– Eu tenho uma irmã! E faço parte de uma linhagem de samurais. Que história louca, meu deus! – Sofi estava confusa e tentava compreender todas as nuances da história até que percebeu que algo não fechava. 

Parte 10

Sofi se pegou pensando naquele último momento no terraço do hotel. Seu corpo se esquivando do golpe que seria fatal e seu impulso de empurrar o Ninja para a morte. A sequência era uma sucessão de imagens sem som. Yumi gritando qualquer coisa inaudível, o corpo imóvel no canteiro, ninjas saltando pelos terraços vizinhos, uma van preta recolhendo o corpo e, quando se deu conta, Yumi estava novamente ao seu lado, ajudando-a descer pelas escadas do hotel.
Ela despertou de suas memórias e com dificuldade disse as palavras que não queria que se tornassem reais:

– Eu matei um homem. Ele está morto, não é? Não tem como ter sobrevivido àquela queda. – Questionou, recebendo um leve acenar de cabeça como resposta.

– Ainda não entendi uma coisa, por que os outros ninjas, samurais, sei lá, recuaram quando eu empurrei o cara de cima do prédio? – Perguntou atordoada.

– Ele era o último Heishi. Os outros ninjas eram mercenários, estavam cumprindo ordens e com a morte dele o trabalho acabou. Você está livre, Sofi! – Exclamou aliviada, sorrindo de peito aberto pela primeira vez naquele dia.

– Queria te pedir um favor, não suma da minha vida. Eu preciso de uma irmã tanto quanto precisava de uma protetora, só não sabia disso até esse dia louco começar. – Desabafou Sofi.

Yumi assentiu e sentou-se ao lado da irmã.

As duas ficaram um longo período caladas, sentadas lado a lado, observando a arquitetura do Memorial da Imigração Japonesa, a estátua de Buda, as carpas no lago, até que Sofi rompeu o silêncio:

– Eu gostaria de conhecer o Japão em breve. Você iria comigo? – Perguntou

– Claro, Sofi. – Respondeu Yumi.

– E você acha que eu poderia aprender essa coisa de Onna Bugeisha, ser uma samurai também? – Perguntou timidamente.

Yumi sorriu, acenou positivamente com a cabeça e falou:

– Está no seu sangue, Minamoto. Você nasceu Onna Bugeisha!

FIM

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