Essa é uma das perguntas que os espectadores das minhas lives mais fazem aos entrevistados.
E uma resposta recorrente que eles recebem dos nosso convidados é "A vida".
Tão genérica quanto verdadeira, a resposta não ajuda muito quem está começando e ainda não encontrou sua fonte de inspiração. Para exemplificar e tornar mais palpável essa resposta, pesquisei sobre 4 grandes escritores e trouxe as inspirações de José Saramago, Zélia Gattai, Gabriel García Márquez e Paulo Coelho para ajudar você, leitor/escritor, a entender como a vida pode te inspirar de várias formas a escrever.
Saramago e o cão Camões

Saramago acabara de ganhar o prêmio Camões quando o cãozinho da raça cão d'água chegou em sua vida.
Ele se inspirou no prêmio, que já tinha o nome em homenagem ao poeta português
Luís de Camões, para batizar o seu mascote.
E Camões, o cão, inspirou Saramago a escrever "Achado", fiel companheiro canino do protagonista do Romance A Caverna.
Em Ensaio sobre a cegueira, O homem duplicado e A jangada de pedra, Saramago também traz entre os personagens um cachorro. No entanto, apenas em A caverna a inspiração no cãozinho Camões foi confirmada por Pilar Del Rio, viúva do autor.
"Encontro nos cachorros mais humanidade que nos homens", afirmou Saramago quando perguntado sobre o papel dos cães em suas obras.
Zélia Gattai e as memórias

Se alguém levava a sério a inspiração na vida para escrever os seus livros, esse alguém era Zélia Gattai.
Considerada uma autora memorialista, Zélia Gattai escreveu diversos livros que tinham a sua própria memória como inspiração. Seu livro de estreia Anarquistas, graças a deus foi inspirado na infância e adolescência da autora, em meio a realidade dos imigrantes italianos no Brasil. Città di Roma, livro publicado em 2000, narra a trajetória de sua família ao chegar em São Paulo. Em Um chapéu para viagem Zélia narra o início de seu relacionamento com o também autor, Jorge Amado, e conta as histórias da família Amado. Chão de meninos, que foi dedicado ao marido por ocasião de seus 80 anos, retrata a volta do exílio. Também são inspirados em sua vida conjugal os livros A casa do Rio Vermelho, Códigos de Família e Jorge Amado: um baiano romântico e sensual.
Gabriel García Márquez - ficção e realidade

Misturar ficção e realidade foi o que fez Gabo, como era chamado pelos amigos o ganhador do Nobel Gabriel García Márquez, largar o jornalismo e investir na literatura.
Gabriel García Márquez se inspirou em histórias familiares, nas lições deixados por seu avô e na visão de sua avó sobre o sobrenatural para escrever alguns de seus livros mais famosos. O livro O Amor nos tempos do cólera é inspirado no relacionamento de seus pais, que precisaram lutar contra a desaprovação do avô materno de Gabo para ficarem juntos. Até seu maior sucesso, Cem anos de solidão, é inspirado na cidade e na casa em que viveu com os avós.
A própria literatura inspirou o autor. Memória de minhas putas tristes, por exemplo, foi inspirado no livro A casa das belas adormecidas, do japonês Yasunari Kawabata. E foi após ler A Metamorfose, de Franz Kafka, que Gabriel descobriu sua vontade de ser escritor.
Paulo Coelho e as diversas fontes de inspiração

Paulo Coelho é o autor brasileiro mais vendido do mundo e também um imortal da Academia Brasileira de Letras. Sua obra tem fãs ferrenhos, críticos ainda mais devotos e tem inspiração nas experiências e nos encontros. O Diário de um Mago, por exemplo, narra a trajetória do próprio autor no Caminho de Santiago de Compostela. Seu Best-Seller Brida foi inspirado pelas histórias da jovem irlandesa Brida O'Fern, que Paulo conheceu na peregrinação pelo Caminho de Roma. O Alquimista, outro best-seller de Paulo, foi inspirado na lenda britânica O Mascate de Swaffham. Em Onze minutos, o autor se inspirou na vida de uma brasileira real para contar a história de uma mulher que, atraída pelo sucesso, acaba se prostituindo no exterior.
E você em que se inspira para escrever?
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